Como é fácil notar em qualquer página deste site, as cores básicas giram em torno de tons de verde. Não exatamente um verde-folha, é tendendo um pouco ao azul, algo entre turquesa e aquamarine. A cor-base (#49ba9e) é a do logotipo. O resto são variações de saturação e brilho.
Chegar a esta cor-base não foi um processo racional. Ao longo dos anos oscilei entre ciano e verde-oliva até chegar assintoticamente na cor "ideal". As demais cores do site — títulos, barras, links, etc. — eram escolhidas no chutômetro, mexendo direto no CSS e conferindo o resultado num monitor não-calibrado, buscando um equilíbrio entre meu gosto por cores fortes e o medo de ser ridicularizado. Mais recentemente, procuro manter o tom (hue) consistente para toda a paleta, que me parece ser a estratégia desses geradores de paleta que se encontram na Web.
Como meu talento de designer tende a zero, procurava plagiar as ideias do site do Aurélio "Verde" e coincidiu que o site também pendeu para um verde mais decidido nessa mesma época. Li e reli muitas vezes o guia do Aurélio para design Web. Mas, no processo de tornar o site compatível com telas mobile, acabei adotando um estilo mais minimalista, pois simplesmente não tenho tempo, recursos nem saco para fazer um site ultra-elaborado para todos os tamanhos de tela, nem gosto de frameworks que (em tese) fazem isso automaticamente.
A escolha das cores atuais foi muito influenciada pela tela do celular, que é bem diferente do monitor típico, e ainda mais em telas AMOLED. Aliás, o tom de "preto" para texto (#60605c) foi escolhido para ser agradável no celular, pelo menos na minha visão. Recuso-me a seguir a moda de textos cinzas-claros ilegíveis, e me parece que essa sandice já recuou um pouco.
Um conhecido (talvez o Rudá?) sempre dizia, com desdém, que nerds adoram azul (curioso que lembro perfeitamente bem do tom desdenhoso, não da pessoa). Pessoalmente, sempre gostei de azul-esverdeado. Na foto abaixo, devia ter uns 4 anos e já pegava sempre a mesma Bic Ponta Porosa, mais pela cor da tampa que pela cor da tinta:
Interessante notar que as preferências variam com o tempo. Quando criança, meu tom predileto era algo como o ciano do logotipo do Skype, conhecido no popular como "azul calcinha" (que é na verdade o apelido de uma cor de Fusca). Com o tempo, o gosto moveu-se na direção do verde.
A canetinha Stabilo acima tem o tom exato que (no momento) aprecio. Até fiz uma tinta para caneta-tinteiro que é aproximadamente ideal, misturando duas tintas "turquesa", uma muito azul e outra muito verde. Mas, na falta da cor ideal, azul ou verde ainda têm preferência; comprei um celular Nexus 5X apenas porque tinha a opção de carcaça azul. (Não recomendo, é bem mais fraco que modelos relativamente velhos como um Samsung S6, mas... é azul!)
Mas afinal, o azul é usado em excesso em programas de computador, seja em ícones, nos logos, no design? Acredito que sim, principalmente em platafomas onde os bregas estão à solta, como Android. A Apple tem tirado a saturação das cores de iOS e MacOS a cada release. Mas ícones de inúmeros produtos e serviços de primeira linha como Skype, Twitter, Dropbox, são ciano. O Facebook é azul-royal.
Existem inúmeras hipóteses para esta preferência pelo azul, a começar pela dificuldade ancestral em se obter corantes azuis. Tingir uma roupa de azul (ou púrpura) era muito caro, e a cor ficou associada à nobreza. É uma cor rara na natureza, portanto chama a atenção imediatamente. Azul é considerado "culturalmente seguro": nenhuma cultura relevante, e portanto nenhum mercado, tem rejeição frontal ao azul. Até mesmo o branco poderia ser problemático (parece que os japoneses e outros povos asiáticos associam branco à morte).
Outra hipótese interessante é que praticamente todos os daltônicos enxergam bem o azul. Mark Zuckerberg é daltônico e por isso teria escolhido um tom de azul como a cor oficial do Facebook.
Apesar da popularidade antiga do azul, acredito que a popularidade das cores em torno do ciano seja coisa mais recente. Historicamente, ciano é uma cor associada a venenos, como os cianetos e principalmente o azinhavre ("zinabre") que aparece em objetos de liga de cobre. Utensílios de cozinha de cobre precisam ser muito bem lavados e secados, e crianças não devem brincar com moedas oxidadas.
Assim sendo, a minha hipótese é que estas cores fortes — ciano, laranja, azul profundo, verde claro, lilás — são populares na informática por serem cores "elétricas", anti-naturais. Elas aparecem bem numa tela RGB, mas são difíceis de reproduzir em material impresso. Por isso devem ser associadas a coisas ultra-modernas, quiçá a coisas que só existem no mundo digital.