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Resenha: The Art of Photography, de Bruce Barnbaum

Seguindo enfática recomendação de Ken Rockwell, adquiri o livro "The Art of Photography: An Approach to Personal Expression", escrito por Bruce Barnbaum, um dos mais famosos fotógrafos de paisagens.

De fato é um excelente livro. Mas não é uma leitura fácil. Cada frase tem peso, precisa ser digerida individualmente. Não lembro de ter lido outro texto que me forçasse a fazer uma pausa a cada uma ou duas páginas, em particular nos primeiros capítulos.

Diferente de 99,9% dos livros e textos sobre fotografia que se encontram na Internet, não há fórmulas ou listas com "10 melhores práticas" para melhorar suas fotografias. Barnbaum começa do começo, definindo o que é arte. Faz sentido, porque a maioria de nós "fotógrafos" tem formação em ciências exatas, o que facilita na hora de absorver o manual de instruções mas atrapalha na hora de tirar fotos que efetivamente comuniquem alguma coisa.

Porque toda forma de arte é simplesmente uma forma de comunicação e expressão pessoal. Uma boa obra de arte, seja uma música, um livro, uma fotografia, consegue passar a mensagem sem que o artista precise estar presente a dar explicações.

Coincidência ou não, Barnbaum é o cara certo para falar sobre arte a engenheiros e informatas. Barnbaum tem formação em matemática e física; ganhava a vida projetando sistemas de navegação para mísseis, praticando fotografia como hobby até que uma disputa ecológica colocou uma foto dele na capa da National Geographic, tornando-o famoso.

Acho que a principal lição do livro é equiparar "arte" com "expressão pessoal eficiente". Nisto, encontro um ponto de convergência com outro livro, Hackers and Painters de Paul Graham.

Embora tenha lido o livro apenas superficialmente, já li quase todos os artigos online de Graham. Gosto da tonalidade genérica dos textos, que colocam o desenvolvimento de software num patamar superior ao trabalho repetitivo — indo de encontro à opinião de muito gerenteco de projeto que encara (e trata) desenvolvedor como um peão que traduz especificações para código.

A visão de Paul Graham inicialmente me cativou pela implícita valorização da nossa guilda, mas agora percebo que o desenvolvimento de software, enquanto ferramenta de expressão pessoal, é mais que trabalho artesanal, não-robótico. É realmente uma forma de arte.

Naturalmente, isso não é restrito ao software. Toda engenharia tem um quê de arte, embora isto não seja mencionado muito freqüentemente — talvez para que os engenheiros não fiquem se achando e acabem exigindo salários parecidos com os de médicos ou advogados... Basta lembrar quantas obras de engenharia civil tornaram-se ícones das respectivas cidades e.g. Florianópolis e San Francisco com suas pontes pênseis.

Em resumo, o livro está recomendadíssimo, não só para quem está interessado em melhorar sua fotografia, mas também para enxergar uma nova dimensão nas assim chamadas "ciências exatas".