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Posicionando um objeto no centro visual

Um recurso que aprecio muito no aplicativo Keynote (para Mac, da Apple) é o grande número de dicas de posicionamento dos elementos. Conforme um elemento chega perto do centro do slide, ou aproxima-se de outra simetra qualquer (por exemplo, tamanho igual a de outros elementos similares) o Keynote vai mostrando dicas visuais que facilitam muito a composição harmoniosa. O Powerpoint também faz isso hoje em dia, mas o Keynote ainda faz melhor, tanto que eu uso muito o Keynote para desenho em geral, diagramas, fluxogramas; tarefas para que ele, a rigor, não foi feito.

Falando em centralizar elementos, muitas vezes o centro geométrico não é o melhor lugar para posicionar um elemento dentro de outro. Muitas vezes, o chamado centro visual, um pouco mais alto que o centro geométrico, proporciona um aspecto muito melhor. Até fico surpreso que o Keynote não sugere o centro visual.

Neste artigo, vou mostrar como calcular o centro visual. É essencialmente a versão escrita deste divertido vídeo onde um tiozão ensina a montar uma fotografia com a técnica dry mount.

Primeiro, vamos começar com uma "fotografia" montada num "quadro" que por sua vez está pendurado numa "parede". Nesta figura, utilizamos o centro geométrico (e sim, eu fiz todas as figuras deste artigo com o Keynote).

Figura 1: Imagem com moldura, centralizada geometricamente

O aspecto da figura acima não é ruim, porém às vezes dá a impressão que a imagem está um pouco baixa na moldura. Esse efeito negativo seria ainda mais evidente se fosse uma moldura física pendurada na sua parede.

(Só para constar, a proporção da imagem é aproximadamente 5:4. A moldura também é 5:4, e a proporção entre moldura e foto é aproximadamente a "razão de ouro": 1,618. Tudo isso ajuda o enquadramento inicial não parecer tão ruim.)

Para compensar essa impressão "prabaixex", vamos encontrar o "centro visual" da moldura. Primeiro, calculamos o centro geométrico, e fazemos isso calculando as margens esquerda, direita, superior e inferior do jeito usual.

Figura 2: Calculando as margens em torno da imagem. Cada margem corresponde à metade do excesso de tamanho da moldura.
Figura 3: Fotografia posicionada no centro geométrico

Mas não queremos o centro geométrico, e sim o centro visual. Para calculá-lo, traçamos uma reta conforme a figura abaixo (veja a reta azul):

Figura 4: Encontrando o canto inferior direito do centro visual.
Figura 5: Foto posicionada no centro visual.
Figura 6: Aspecto final da fotografia no centro visual da moldura.

A diferença de qualidade (em minha opinião, a favor do posicionamento no centro visual) fica mais evidente numa comparação lado a lado:

Figura 7: A mesma fotografia posicionada de duas formas numa moldura; centro geométrico à esquerda, centro visual à direita.

A explicação para essa melhoria é psicológica: nossos olhos tendem a mirar um pouco acima do centro geométrico quando olhamos um objeto qualquer. Alguns estudiosos dizem que também tendemos mirar à direita do centro geométrico, porém isso é discutível, já que existem muitos canhotos por aí, e o ser humano nota muito facilmente um objeto desalinhado no sentido horizontal. Sendo assim, a fórmula clássica de cálculo do centro visual usa o centro geométrico no sentido horizontal.

Na verdade, o posicionamento da moldura na parede tem de seguir uma regra parecida. Na figura abaixo, subi um pouco as molduras, no chute mesmo, sem calcular o centro visual, mas a composição melhora visivelmente:

Figura 8: Duas fotografias, posicionadas de duas formas numa mesma moldura, com as molduras aproximadamente no centro visual da parede

Na minha modesta opinião, o centro visual (tal como calculamos antes) é bonito e chama a atenção, mas é um pouco alto para realmente "parecer" o centro da moldura. Talvez uma posição intermediária entre o centro visual e o geométrico seja ainda melhor. Na figura abaixo, brinquei com essa ideia, e a minha sensação subjetiva é que a figura central é a mais "centrada".

Figura 9: Três fotografias centradas em molduras. A esquerda usa o centro geométrico, a direita usa o centro visual, e a imagem do meio usa a média dos dois centros.