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Caneta Ackerman com pena Zebra G

Já comprei algumas canetas-tinteiro de pena flexível ("flex"), porém nenhuma realmente me agradou. Todas exigem muita força para que a flexão seja observável. A rigor, cumprem seu papel de flexionar sem deformar, porém era esperado que variassem o traço de forma natural, sem esforço. (As penas de ouro 14k costumam fazer isso.)

Algumas penas de caligrafia, como a Zebra G, são construídas para flexionar bastante e são bem molinhas. Na pior das hipóteses, se a pena deformar, basta trocar. Existem algumas receitinhas para adaptar a Zebra G à caneta-tinteiro Jinhao, mas não tive muito sucesso; a caneta ou vaza ou não escreve.

Assim, acabei comprando uma caneta artesanal Ackerman, especialmente construída para isto. O micro-fabricante oferece canetas para diversos tipos de pena. Já que meu interesse era em penas muito flexíveis, e já tinha comprado penas Zebra G, adquiri uma versão compatível com penas G.

Demonstração da caneta-tinteiro Ackerman para pena G

Em tempo: eu sei que não tenho boa caligrafia, e a rigor toda a caligrafia ocidental presume que se escreva com a mão direita, então é meio inútil para um canhoto usar uma caneta flex. Dispenso comentários irônicos :)

Há diversos modelos para pena G. Escolhi este que funciona de forma mais parecida com uma caneta-tinteiro convencional. Ao menos um outro modelo exige que o usuário bombeie tinta, que é certamente melhor para desenho, mas não muito prático para escrita. Seguindo o conselho do site (https://ackermanpens.com/) adquiri o modelo com sobrealimentador.

Figura 1: Caneta Ackerman para pena G. A tinta pode ficar contida num cartucho interno, ou pode preencher todo o corpo.

A caneta cumpre sua porém ainda é um instrumento especializado para entusiastas, mais trabalhoso de operar que uma caneta-tinteiro normal.

Em primeiro lugar, a pena precisa ser "molhada" para funcionar. Se não estiver molhada, a tinta recusa-se a fluir. Uma bicada na água ou na própria tinta faz a mágica. Uma vez molhada, a tampa com vedação especial mantém a umidade ideal.

Figura 2: Pena bem molhada de tinta, garantindo bom funcionamento

Para quem for desenhar mangá, provavelmente a versão com bomba é melhor. O sobrealimentador, que é uma simples chapinha de cobre que cobre a parte superior da pena, torna a pena um pouco mais "dura" para flexionar, embora ainda seja infinitamente melhor que, por exemplo, as canetas-tinteiro "flex" da Noodler's.

Figura 3: Detalhe da caneta com pena Zebra G e sobrealimentador

É possível aumentar a flexibilidade da pena instalando-a um pouco para fora, enquanto o sobrealimentador é inserido até o limite, porém um excesso de pena descoberta acaba prejudicando o fluxo de tinta, principalmente na hora da flexão. Por outro lado, instalar a pena completamente inserida deixa-a muito dura e meio aberta na ponta. É preciso experimentar um pouco até chegar na posição ideal: pena com ponta fechada, boa flexibilidade e sem problema de fluxo.

Figura 4: Detalhe da caneta com pena Zebra G e sobrealimentador

Como se pode notar pelas fotos, a pena está "feia". Este é um problema das penas Zebra G: elas mancham e enferrujam, principalmente se molhadas. Cedo ou tarde precisam ser trocadas, e mesmo durante a vida útil acumulam sujeira (tinta seca misturada com ferrugem).

Normalmente, uma caneta-tinteiro nunca deve soltar nem uma gota de tinta, mesmo que deixada por dias a fio com a pena para baixo. No caso da caneta Ackerman, uma ou duas gotas acabam caindo, e é importante que isto aconteça, para manter a pena molhada. A tampa tem boa vedação e, uma vez que a ponta da pena esteja submersa, o fluxo cessa.

O único inconveniente desse "vazamento controlado" é que um pouco de tinta vai acabar sujando a seção da caneta, e seus dedos, a não ser que lembre de limpar a seção antes de cada uso.

Figura 5: Detalhe da caneta tampada, com um pouco de tinta no fundo do estojo da pena, o que é benéfico na hora de voltar a utilizar a caneta.

As penas Zebra G precisam ser preparadas antes do uso. Uma fina camada de óleo protege as penas contra a ferrugem; esta camada deve ser removida antes da instalação da pena, sob pena da tinta fluir muito mal. Existe todo um folclore em torno deste processo; alguns passam a pena no fogo, outros esfregam com pasta de dente, o grande calígrafo Paul Antonio usa apenas saliva.